segunda-feira, 29 de abril de 2013

Review: Zombicide

23/04/2013

Terça-feira passada, em ritmo de feriado, teve estréia de Zombicide no QG da Távola.

Zombicide é um jogo cooperativo de sobrevivência com temática de zumbis. Nesse jogo, entre 4 e 6 sobreviventes estão tentando completar algum objetivo que geralmente é coletar suprimentos, achar outros sobreviventes, as chaves do único carro da cidade que funciona, ou qualquer outro objetivo clássico em jogos de zumbis.


Imagem da caixa do jogo

O jogo surgiu do Kickstarter, um financiamento coletivo bastante conhecido internacionalmente, fazendo um sucesso absurdo, alcançando um financiamento de quase U$800 mil na primeira campanha, e de U$ 1,6 milhão na segunda campanha.

O sucesso no financiamento se deu, creio eu, principalmente pela aparência do jogo. Miniaturas insanas de zumbis e sobreviventes, com rico detalhamento, deixam o jogo extremamente atraente pros mais ligados no visual dos jogos. O tabuleiro, que monta o cenário de uma cidade, também é bem detalhado, e o mapa final do jogo após o setup, ocupa um espaço de aproximadamente 90cm x 90cm, bem maior que o tabuleiro de 90% dos jogos que já joguei.

O jogo requer um mínimo de quatro sobreviventes para ser jogado. Nesse contexto, alguns jogadores podem começar controlando mais de um personagem. No início do jogo, o time de sobrevivente recebe um machado, um pé-de-cabra e uma pistola. Não, não é para cada sobrevivente, é pra dividir estes três items pro time inteiro! Tenso!


Se vira com isso ai!!

O gameplay do jogo é bem limpo, com regras simples e enxutas. Basicamente cada herói faz 3 ações padrões de jogos de exploração, como mover, procurar itens, atirar, quebrar portas, entre outras, tentando completar o objetivo do cenário, e cada um dos 10 cenários que já vem no jogo base tem um objetivo diferente.


Alguns dos componentes do jogo: Fichas de personagens, com as cartas de itens equipados e o medidor de experiência. Cartas de spawn de zumbis do lado esquerdo, e os tokens de Barulho.

A novidade do jogo é a implementação do "barulho", com um esquema que eu ainda não vi em nenhum outro jogo. Sempre que você atira com armas de fogo, ataca com a serra elétrica ou derruba uma porta com um machado, você coloca um token de barulho no local da ação. Na fase de movimento dos zumbis, se eles não estiverem vendo nenhum sobrevivente, eles se movem na direção do local mais barulhento. É um método bem interessante de pra controlar a burríce artificial dos zumbis, que caiu muito bem no jogo.


Sub MG, Motoserra e um molotov jogado no mesmo turno!! "tátátátátá, vvvrrrr, BOOOOMM!!!!" "-Será que a gente chamou muita atenção??"

O jogo tem também um esquema de evolução de personagens, onde cada zumbi morto provê aos sobreviventes alguns pontos de experiência. Quando um sobrevivente ganha uma certa quantidade de experiência, ele evolui, ganhando uma habilidade especial para ser usada até o fim do jogo, como mais movimentos por turno, mira melhor, e a minha favorita chamada Slippery (escorregadio), que permite o jogador sair de uma área com muitos zumbis sem precisar gastar pontos extras de movimento, pois quando nesta situação, o sobrevivente normalmente precisa gastar tantos pontos de movimento quanto o número de zumbis na área +1 pra se mover.

O problema da evolução é que a dificuldade do jogo, representada pela quantidade de zumbis que entram no mapa todo turno, é sempre igual ao nível do sobrevivente mais forte. Ou seja, se um sobrevivente estiver no nível 3, e todos os outros no nível 1, não importa, o jogo vai estar na dificuldade 3. E cada nível de dificuldade do jogo aumenta MUITO a quantidade de zumbis que entram no mapa, além de fazer com que entrem zumbis mais chatos, como os Runners que atacam mais, ou Fatties que são difíceis de matar.


"They are everywhere!"

Outro aspecto diferente no jogo tem relação com atirar. Sempre que um sobrevivente atira, ele nunca escolhe um alvo, mas sim uma área do mapa, que geralmente tem uma combinação de uma penca de zumbis e alguns heróis. Ao resolver os tiros, os danos são dados na seguinte ordem: Primeiro em sobreviventes, então em Walkers (zumbis mais fracos). Depois que todos os Walkers da área estiverem mortos, ai você pode tentar matar os Fatties (Zumbis parrudos, que absorvem o dano de armas fracas, como a pistola), e por fim Runners (os mais zumbis mais rápidos). Basicamente isso significa que você só poderá alocar um dano da sua pistola em um Walker depois de ter matado qualquer herói na área. Isso complica bastante os tiros no jogo.

Pelo menos nos combates melee (corpo-a-corpo), você pode escolher o seu alvo. =)


"Eu sei que tenho duas SMGs, mas só posso atirar quando vocês vezarem daqui!!"

Ainda com os aspectos citados acima, o jogo não tem nada de muito inovador. Não me entendam mal, não é um jogo ruim, só que não é tão surpreendente assim, mas isso é bastante normal em jogos de tabuleiro em geral, após você jogar quase 200 diferentes. Os jogadores procuram por itens, andam, matam zumbis, fazem barulho em lugares afastados dos objetivos pra chamar a atenção dos zumbis, e tentam enlouquecidamente cumprir os objetivos.

Comparar o Zombicide com seu primo não-tão-distante, o Last Night on Earth, é inevitável, basicamente porque são os dois jogos de zumbi mais famosos no mercado. Opinião pessoal: gostei mais do Zombicide. O Zombicide tem algumas mecânicas novas pro estilo de jogo, que já fazem diferença pro meu gosto, como o "barulho", e o controle dos zumbis não ser feito por um jogador e ainda assim ser bem feito. Mas não recuso jogar nenhum dos dois!


"Braaaaainnnn", sim, só um, mas vale o esforço!

Novamente opinião pessoal: apesar do jogo ser divertido, assim como o Last Night, eu ainda não achei "O" jogo de zumbi que me travasse a atenção, apesar de sempre ter gostado bastante do tema. Parece que é um tema com requisitos que tornam difícil de criar um jogo com mais estratégia, mais profundo. De qualquer forma, talvez esse seja o objetivo de um jogo de zumbi, algo mais descompromissado, mas ainda assim, sinto que ainda falta o jogo de zumbi do século.


Pra que sair da zona segura??

Uma notícia legal à parte: se você curtiu o review e pretende comprar o jogo, a empresa brasileira Galápagos Jogos está pra lançar o jogo em português até o final desse primeiro semestre. Não é exatamente mandatório comprar a versão Brasileira do jogo, pois a qualidade dos componentes é a mesma, e o jogo tem algumas pouquíssimas cartas com texto, e uma pessoa na mesa que saiba inglês é mais que suficiente pra resolver a questão, mas pros que não gostam de importar, essa é a chance!

O preço inicial do jogo pela Galápagos foi anunciado como sendo R$250,00, que é mais ou menos o mesmo valor que você vai pagar se importar a edição internacional.

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